A injecção é preferida no abuso recreativo, devido ao efeito de prazer súbito intenso (denominado "orgasmo abdominal"). A inalação tem vindo a ganhar terreno, numa modalidade denominada "chasing the dragon", com origens orientais, onde a disponibilidade de seringas e agulhas é menor.
Também pode ser ingerida, absorvida pela pele ou fumada. O consumo com cocaína ("speedballs" ou "moonrocks") tem vindo a generalizar-se.
A heroína é mais lipofílica do que os outros opióides, e que leva à sua absorção muito mais rápida para o cérebro. A rapidez de efeito é importante para os toxicodependentes, porque proporciona maiores concentrações inicialmente, traduzindo-se em prazer intenso após a injecção ("chuto"). No cérebro ela é imediatamente convertida em morfina por enzimas celulares.
- Euforia e Disforia: São necessárias maiores doses do que para causar análgesia. Consiste num sentimento de flutuar agradável e de bem-estar. A euforia pode degenerar ou ser substituida por disforia, um estado de ansiedade desagradável e mal-estar. A euforia produzida pela droga transforma-se em depressão e ansiedade após passarem os efeitos.
- Analgésia (perda da sensação de dor fisica e emocional): pode levar à inflicção de ferimentos no heroímano sem que este se dê conta e se afaste do agente agressor.
- Sonolência, embotamento mental sem amnésia.
- Disfunção sexual
- Sensação de tranquilidade e diminuição do sentimento de desconfiança.
- Maior autoconfiança e indiferença aos outros: comportamentos agressivos.
- Miose: contracção da pupila do olho.
- Obstipação ("prisão de ventre") e vómitos
- Depressão do centro neuronal respiratório. É a principal causa de morte por overdose.
- Supressão do reflexo da tosse: devido a depressão do centro neuronal cerebral da tosse.
- Nauseas e vómitos: podem ocorrer se for activado os centros quimiorreceptores do cérebro.
- Espasmos nas vias biliares.
- Hipotensão, prurido.
O mecanismo prazer e bem-estar produzido pelo consumo da heroína não está completamente esclarecido, mas sabe-se que, como o das outras drogas recreativas, é devido a interferência nas vias dopaminérgicas (vias que utilizam o neurotransmissor dopamina) meso-límbicas-meso-corticais. As vias dopaminérgicas que relacionam o sistema límbico (região das emoções e aprendizagem) e o córtex (região dos mecanismos conscientes) são importantes na produção de prazer. Normalmente, elas só são activadas de forma limitada em circunstâncias especificas, ligadas à recompensa da aprendizagem e dos comportamentos bem sucedidos a nivel de obtenção de recursos, conhecimentos ou ligações sociais ou sexuais importantes para o sucesso do individuo. No consumo de droga, estas vias são modificadas e pervertidas ("highjacked") e passam a responder de forma positiva apenas ao disturbio bioquimico cerebral criado pela própria droga. Grande parte da motivação do individuo passa assim para a obtenção e consumo da droga, e os interesses sociais, familiares, ambição profissional, aprendizagem e outros factores não directamente importantes para a sua obtenção são com o consumo crescente cada vez mais desleixados, sem que muitas vezes o individuo tome decisões conscientes nesse sentido.
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